quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Trabalho escravo, escamoteado, em Ubatuba

Outro dia conheci uma moça e depois de algumas horas de conversa, ela disse-me que estava trabalhando no ramo de hotelaria. Não vou detalhar para não prejudicá-la ainda mais, uma vez que já é explorada o suficiente por seu patrão.
Ela me relatou que veio morar na cidade há pouco mais de alguns meses e conseguiu um emprego no mesmo estabelecimento em que ficou hospedada quando veio a passeio na cidade. Disse que recebia o seu salário em forma de vales, com retiradas frequentes. Ao final do mês, havia um acerto e tinha que pagar pela moradia e pela alimentação, que fazia no próprio local de trabalho. As folgas eram semanais, sempre as segundas-feiras, mas como não tinha amigos, nem saia direito. E que também consumia alguns víveres extras e material de higiene pessoal, devidamente descontados de seu pro-labore, ao preço que o próprio patrão estabelece.
Ela me disse ainda que há outras pessoas que trabalham neste mesmo regime e também em outros estabelecimentos da cidade.
Não quero me aprofundar muito mais nesta personagem porque a tornaria uma presa frágil. Mas há outros relatos que me convencem, sim, de que há muito mais que isso por aí. Essa é uma prática que configura a exploração do trabalho em favor do empregador. Também não quero descer a uma análise jurídica, mas meu objetivo é apenas o de denunciar este tipo de abuso, da exploração capitalista sem lei, onde o trabalhador é subjugado e exposto aos interesses patronais.
O que me moveu a relatar estes fatos foi uma reportagem que acabei de ler no site da Rede Brasil Atual (http://www.redebrasilatual.com.br/temas/cidadania/2011/10/apesar-de-avanco-na-legislacao-e-na-fiscalizacao-brasil-ainda-sofre-com-trabalhadores-em-condicoes-de-escravidao) de autoria da jornalista Virginia Toledo (como se fosse uma pessoa muito estranha a mim), a Vi, filha do Beque e da Rivanda, casal de amigos-irmãos de São Luís do Paraitinga.
Vale a pena ler o que ela descreve sobre o trabalho escravo no Brasil. Parabéns pela reportagem.

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