terça-feira, 1 de julho de 2025
Isso é apenas o começo!
No início do novo milênio, lá pelos anos 2000, encontrei-me com o jornalista Luiz Egypto, no calçadão em São Luiz do Paraitinga, e expus a ele o meu desejo de criar um site de notícias, o www.taubatenetneews.com.br, na recém-criada internet, a rede mundial de computadores.
Sobre esse mundo fantástico que estávamos apenas descobrindo, o Egypto lacrou: isso é apenas o começo...
segunda-feira, 12 de maio de 2025
O TREM LEITEIRO
Em 1983, ao realizar um pesquisa sobre os 50 anos do cooperativismo leiteiro no Vale do Paraíba, a serviço da diretoria da Comevap (Cooperativa de Laticínios do Médio Vale do Paraíba) deparei com uma história muito interessante de organização, luta e perseverança.
Depois que os produtores de leite fundaram a Cooperativa Central de Laticínios do Estado de São Paulo, em 1933, as cooperativas do Vale do Paraíba passaram a abastecer o mercado da capital, dando início à marca Leite Paulista. A produção diária era transportada por via férrea. A composição ficou conhecida por Trem Leiteiro, devido aos vagões-tanque destinados ao transporte do leite.
A operação era acompanhada de muitos ajustes de logística para que o trem não perdesse o horário de desembarque e assim a carga não fosse rejeitada e descartada, considerada imprópria para o consumo.
As empresas de laticínios que atuavam no região, tinham interesses que o leite fosse rejeitado, prejudicando assim as finanças das cooperativas e forçando os produtores a entregarem o leite para as usinas particulares e enterrando o sonho do cooperativismo leiteiro.
Para garantir que o Trem Leiteiro chegasse no horário, os produtores de leite e os diretores das cooperativas viajavam empuleirados na locomotiva.
Os cooperados suspeitavam que os funcionários da Rede Ferroviária Federal (RFFSA) estavam sendo subornados para travar o trem durante o percurso e sabotavam os trilhos, atrasando o trem para que não chegasse no horários.
Diante das evidências, os cooperados se armaram de espingardas cartucheiras, garruchas e revólveres para garantir a segurança da viagem até a plataforma da Cooperativa Central de Laticínios, instalada no bairro do Brás, na capital paulista.
Nessa época, o Leite Paulista - principal produto da Cooperativa Central era distribuído nas tradicionais embalagens de vidro de um litro e entregues em domicílios e pontos comerciais.
Com o passar dos tempos, o Trem Leiteiro foi substituído por caminhões-tanque refrigerados, que garantiam a qualidade do leite.
As cooperativas passaram a produzir suas próprias marcas de leite e de produtos derivados do leite como leites UHT. Requeijão, Queijos,Flans, Leite Fermentado, Polpa, Iogurte, creme de leite, entre outros, surgindo as marcas Comevap, Cooper e Serramar, atuantes no mercado regional.
Em dezembro do 2000, a marca Paulista foi vendida para a Danone. Um importante passo na expansão de seus negócios no mercado brasileiro. Em 2010, foi comprada a marca de requeijão pela Parmalat e Leitbom que puderam vender o requeijão da marca Paulista.
Crédito: imagem foi criada por IA
Do carro de boi ao carro voador: a trajetória do desenvolvimento do Vale do Paraíba
O desenvolvimento econômico, social e urbano do Vale do Paraíba se deu em vários ciclos ao longo da história.
O Vale do Paraíba foi uma das primeiras regiões a ser desbravada e colonizada. Ainda no período no império, a região tornou-se um centro irradiador do bandeirantismo.
Com a descoberta do ouro nas terras de Minas Gerais e por ordem do então imperador português dom João VI, foram instaladas três Casas de Fundição de Ouro: Taubaté, Guaratinguetá e Paraty. Iniciando-se dessa forma, a primeira atividade metalúrgica na região.
Em 1702, o rei de Portugal decidiu pelo fechamento das unidades de Taubaté e Guaratinguetá, permanecendo apenas a unidade de Paraty.
O ciclo do Café sucedeu ao ciclo do Ouro, após o esgotamento das minas. A primeira grande região de cultivo do café foi o Vale do Paraíba, com o trabalho na lavoura utilizando-se da mão de obra escrava. Nesse tempo, iniciou-se a imigração de europeus, principalmente italianos que vieram trabalhar na lavoura, em substituição à mão de obra escrava, que conquistara a libertação.
O apogeu do ciclo do café trouxe à região um grande impulso para o desenvolvimento, com a construção de ferrovias e ao processo de urbanização.
A produção cafeeira prosperou e trouxe consigo o cultivo do Algodão e o início da indústrialização, com a primeira fábrica de tecidos, instalada em São Luiz do Paraitinga para a produção de sacarias.
Uma supersafra, com excesso de estoques e dificuldades de armazenamento, os produtores não suportaram o ‘Crash» da Bolsa de Valores dos EUA, dando início ao declínio do ciclo do café na bacia do Vale do Paraíba.
Com grandes extensões de terras cansadas e desvalorizadas, os Barões do Café venderam suas propriedades aos pecuaristas, que iniciaram a produção de leite, tornando-se o Vale do Paraíba a maior bacia leiteira do Estado de São Paulo.
Os Barões do café passaram a investir no desenvolvimento das cidades, o que deu grande impulso ao comércio e aos serviços.
Ao mesmo tempo, em que se dá o processo de industrialização com o fortalecimento do setor têxtil em Taubaté com a CTI, em São José, com a Tecelagem Parayba, e com a Cia. de Fiação e Tecelagem de Guaratinguetá.
Para alimentar a demanda energética, surgiram as usinas hidroelétricas, como a de Redenção da Serra, que alimentava a operação da CTI, em Taubaté, e ainda com o excedente, fornecia energia elétrica para as cidades de Redenção da Serra, Natividade da Serra, Taubaté, São Luiz e Ubatuba.
Posteriormente, na década de 70, foi construída a represa da CESP em Paraibuna, em substituição à usina da CTI. Em consequência, da expansão do lago da represa, as cidades de Redenção e Natividades foram reconstruídas.
Com a inauguração da rodovia Presidente Dutra e a construção da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN)em Volta Redonda, provocou um extraordinário desenvolvimento da indústria de transformação, notadamente nos municípios de São José dos Campos, Caçapava, Taubaté e Cruzeiro, com a instalação da Fábrica Nacional de Vagões (FNV), estatal criada por Getúlio Vargas, dedicada à produção de material rodante sobre trilhos
A indústria automobilística chegou à região com a instalação da GM em São José dos Campos e da Willys/Ford em Taubaté. Porteriormente, a Chery em Jacareí.
A indústria aeroespacial com a Embraer e de equipamentos bélicos como a Engesa e Avibras, teve grande avanço, assim como a indústria de telecomunicação, eletrônicos e de tecnologia, espalhadas ao longo da calha do Vale do Paraíba.
A região está preparando o grande salto para o futuro com a produção do carro voador, o evTOL, da Eve Air Mobilty, subsidiária da Embraer, instalada em Taubaté.
Atualmente, a região sofre com a desindustrialização. As indústrias automobilísticas, eletroeletrônicas e de telecomunicação ou encerraram suas atividades ou reduziram a produção e as exportações.
segunda-feira, 13 de novembro de 2017
Sindicatos na pinguela

terça-feira, 26 de março de 2013
Matando a saudade
Saudade, dizem ser uma palavra da língua portuguesa de pouca tradução, mas de muito significado. Esta ferramenta criada ainda na era net 1.0, a mensagem caminha por uma via mão única. O feefback instantâneo das redes sociais é mais empolgante, talvez por isso não tenha mais utilizado o blog do Zeco. Ou mesmo por ignorar procedimentos que possam criar um link para o facebook....
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
Trabalho escravo, escamoteado, em Ubatuba
Outro dia conheci uma moça e depois de algumas horas de conversa, ela disse-me que estava trabalhando no ramo de hotelaria. Não vou detalhar para não prejudicá-la ainda mais, uma vez que já é explorada o suficiente por seu patrão.
Ela me relatou que veio morar na cidade há pouco mais de alguns meses e conseguiu um emprego no mesmo estabelecimento em que ficou hospedada quando veio a passeio na cidade. Disse que recebia o seu salário em forma de vales, com retiradas frequentes. Ao final do mês, havia um acerto e tinha que pagar pela moradia e pela alimentação, que fazia no próprio local de trabalho. As folgas eram semanais, sempre as segundas-feiras, mas como não tinha amigos, nem saia direito. E que também consumia alguns víveres extras e material de higiene pessoal, devidamente descontados de seu pro-labore, ao preço que o próprio patrão estabelece.
Ela me disse ainda que há outras pessoas que trabalham neste mesmo regime e também em outros estabelecimentos da cidade.
Não quero me aprofundar muito mais nesta personagem porque a tornaria uma presa frágil. Mas há outros relatos que me convencem, sim, de que há muito mais que isso por aí. Essa é uma prática que configura a exploração do trabalho em favor do empregador. Também não quero descer a uma análise jurídica, mas meu objetivo é apenas o de denunciar este tipo de abuso, da exploração capitalista sem lei, onde o trabalhador é subjugado e exposto aos interesses patronais.
O que me moveu a relatar estes fatos foi uma reportagem que acabei de ler no site da Rede Brasil Atual (http://www.redebrasilatual.com.br/temas/cidadania/2011/10/apesar-de-avanco-na-legislacao-e-na-fiscalizacao-brasil-ainda-sofre-com-trabalhadores-em-condicoes-de-escravidao) de autoria da jornalista Virginia Toledo (como se fosse uma pessoa muito estranha a mim), a Vi, filha do Beque e da Rivanda, casal de amigos-irmãos de São Luís do Paraitinga.
Vale a pena ler o que ela descreve sobre o trabalho escravo no Brasil. Parabéns pela reportagem.
Ela me relatou que veio morar na cidade há pouco mais de alguns meses e conseguiu um emprego no mesmo estabelecimento em que ficou hospedada quando veio a passeio na cidade. Disse que recebia o seu salário em forma de vales, com retiradas frequentes. Ao final do mês, havia um acerto e tinha que pagar pela moradia e pela alimentação, que fazia no próprio local de trabalho. As folgas eram semanais, sempre as segundas-feiras, mas como não tinha amigos, nem saia direito. E que também consumia alguns víveres extras e material de higiene pessoal, devidamente descontados de seu pro-labore, ao preço que o próprio patrão estabelece.
Ela me disse ainda que há outras pessoas que trabalham neste mesmo regime e também em outros estabelecimentos da cidade.
Não quero me aprofundar muito mais nesta personagem porque a tornaria uma presa frágil. Mas há outros relatos que me convencem, sim, de que há muito mais que isso por aí. Essa é uma prática que configura a exploração do trabalho em favor do empregador. Também não quero descer a uma análise jurídica, mas meu objetivo é apenas o de denunciar este tipo de abuso, da exploração capitalista sem lei, onde o trabalhador é subjugado e exposto aos interesses patronais.
O que me moveu a relatar estes fatos foi uma reportagem que acabei de ler no site da Rede Brasil Atual (http://www.redebrasilatual.com.br/temas/cidadania/2011/10/apesar-de-avanco-na-legislacao-e-na-fiscalizacao-brasil-ainda-sofre-com-trabalhadores-em-condicoes-de-escravidao) de autoria da jornalista Virginia Toledo (como se fosse uma pessoa muito estranha a mim), a Vi, filha do Beque e da Rivanda, casal de amigos-irmãos de São Luís do Paraitinga.
Vale a pena ler o que ela descreve sobre o trabalho escravo no Brasil. Parabéns pela reportagem.
terça-feira, 11 de outubro de 2011
No inferno, só a turismo...
Reza a lenda que um sujeito morreu e foi-lhe dada a oportunidade de optar entre o céu e o inferno, antes da escolha de sua morada eterna.
Foi primeiro conhecer o céu. Um lugar lindo, uma praia paradisíaca. Dessas que conhecemos na região Norte de Ubatuba, talvez a praia da Justa, ou a Brava da Almada...enfim. Ele caminhou, sentou-se à beira do mar, banhou-se nas águas serenas...refestelou-se até bater a monotonia. Olhou para um dos cantos da praia e nada, nem uma vivalma. Bateu-lhe o desespero e viu-se realmente morto, ali no paraíso.
Não contente, dirigiu-se ao gerente de plantão e o questionou: "será que posso então conhecer o outro lado", referindo-se ao inferno. Tudo bem, foi-lhe dado o salvo conduto.
Chegando ao inferno, num dia desses como se fosse um domingão na praia Grande, também em Ubatuba. Quiosques lotados, som alto das camionetes. Gente de todo lado, mulheres seminuas dançando sobre as mesas, muitas cervejas e caipirinhas a rodo.
O sujeito encantou-se com o que vira. Rapidamente tratou de anunciar que encontrara o paraíso. Retornou no dia seguinte e qual não foi sua surpresa que o ambiente animado e festivo fora trocado por um outro sombrio, quente, silencioso e vazio. Olhou para um lado e nada, para outro também, nada. Indignado, caminhou adentrando nas profundezas do inferno cada vez mais quente até que finalmente encontrou uma criatura.
"O que houve, ainda ontem estive aqui, me esbaldei de tanta curtição e agora chego aqui e deparo com este marasmo?".
A criatura respondeu: "Ah! Ontem o senhor era um turista. Hoje é morador."
E é assim que somos diferenciados nesta terra, onde impera a maldição de Cunhambebe.
Foi primeiro conhecer o céu. Um lugar lindo, uma praia paradisíaca. Dessas que conhecemos na região Norte de Ubatuba, talvez a praia da Justa, ou a Brava da Almada...enfim. Ele caminhou, sentou-se à beira do mar, banhou-se nas águas serenas...refestelou-se até bater a monotonia. Olhou para um dos cantos da praia e nada, nem uma vivalma. Bateu-lhe o desespero e viu-se realmente morto, ali no paraíso.
Não contente, dirigiu-se ao gerente de plantão e o questionou: "será que posso então conhecer o outro lado", referindo-se ao inferno. Tudo bem, foi-lhe dado o salvo conduto.
Chegando ao inferno, num dia desses como se fosse um domingão na praia Grande, também em Ubatuba. Quiosques lotados, som alto das camionetes. Gente de todo lado, mulheres seminuas dançando sobre as mesas, muitas cervejas e caipirinhas a rodo.
O sujeito encantou-se com o que vira. Rapidamente tratou de anunciar que encontrara o paraíso. Retornou no dia seguinte e qual não foi sua surpresa que o ambiente animado e festivo fora trocado por um outro sombrio, quente, silencioso e vazio. Olhou para um lado e nada, para outro também, nada. Indignado, caminhou adentrando nas profundezas do inferno cada vez mais quente até que finalmente encontrou uma criatura.
"O que houve, ainda ontem estive aqui, me esbaldei de tanta curtição e agora chego aqui e deparo com este marasmo?".
A criatura respondeu: "Ah! Ontem o senhor era um turista. Hoje é morador."
E é assim que somos diferenciados nesta terra, onde impera a maldição de Cunhambebe.
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