terça-feira, 11 de outubro de 2011

No inferno, só a turismo...

Reza a lenda que um sujeito morreu e foi-lhe dada a oportunidade de optar entre o céu e o inferno, antes da escolha de sua morada eterna.
Foi primeiro conhecer o céu. Um lugar lindo, uma praia paradisíaca. Dessas que conhecemos na região Norte de Ubatuba, talvez a praia da Justa, ou a Brava da Almada...enfim. Ele caminhou, sentou-se à beira do mar, banhou-se nas águas serenas...refestelou-se até bater a monotonia. Olhou para um dos cantos da praia e nada, nem uma vivalma. Bateu-lhe o desespero e viu-se realmente morto, ali no paraíso.
Não contente, dirigiu-se ao gerente de plantão e o questionou: "será que posso então conhecer o outro lado", referindo-se ao inferno. Tudo bem, foi-lhe dado o salvo conduto.
Chegando ao inferno, num dia desses como se fosse um domingão na praia Grande, também em Ubatuba. Quiosques lotados, som alto das camionetes. Gente de todo lado, mulheres seminuas dançando sobre as mesas, muitas cervejas e caipirinhas a rodo.
O sujeito encantou-se com o que vira. Rapidamente tratou de anunciar que encontrara o paraíso. Retornou no dia seguinte e qual não foi sua surpresa que o ambiente animado e festivo fora trocado por um outro sombrio, quente, silencioso e vazio. Olhou para um lado e nada, para outro também, nada. Indignado, caminhou adentrando nas profundezas do inferno cada vez mais quente até que finalmente encontrou uma criatura.
"O que houve, ainda ontem estive aqui, me esbaldei de tanta curtição e agora chego aqui e deparo com este marasmo?".
A criatura respondeu: "Ah! Ontem o senhor era um turista. Hoje é morador."
E é assim que somos diferenciados nesta terra, onde impera a maldição de Cunhambebe.

Nenhum comentário: