terça-feira, 22 de setembro de 2009

Sede de viver....
a canoa dos sonhos

Ubatuba sempre me causou fascínio pela exuberante beleza natural e pela proximidade de São Luiz, minha terra. Por conta disso, invariavelmente minhas férias escolares eram todas passadas por aqui. Meus pais, professores, gozavam de férias duas vezes ao ano. Em outro post abaixo neste blog, publiquei uma fotografia na qual mal me sustentava em pé e já me encontrava na praia do Perequê Açu, nos idos de 1957, em frente ao Rancho do Galo, nos braços de meu primo Osmar, em foto de outro primo Ozires – fotógrafo de mão cheia e que me iniciara em todas as artimanhas da vida.
Já mais velho, outro primo, o Osmildo, irmão dos outros dois primos citados, veio morar aqui para dar aulas. Alugou uma casinha na Vila Tamoio, próximo à travessa Taubaté, na continuição da rampa dos pescadores, ao lado do sobradão do Félix Guisard, hoje Fundart. Eu passei a ser hóspede constante da casa da tia Tiva (Nativa) em todas as minhas folgas, férias e fins de semana. Enfim, só não fixei residência. Em seguida, Osmildo se casou mas mesmo assim eu ainda os importunava.
Pela terceira vez, tento apoitar a canoa dos meus sonhos nas terras de Cunhabebe. Na primeira tentativa, em 1982, com pouco mais de 27 anos, jornalista profissional e já inclinado pela fotografia, vim para executar uma foto do então pré-candidato a prefeito Zizinho Vigneron. Os vínculos com ele vinham de São Luiz. Ele era casado com Regina, filha mais velha do casal Dona Cinira e Seo Elpídio, família que alimento grandes laços de admiração, carinho, amizade, respeito e sobretudo o vínculo com os Paranga, meus irmãos de caminhada.
Feito o retrato que seria usado nas peças publicitárias do Zizinho na corrida eleitoral a prefeito da cidade, Negão e eu realizávamos as primeiras experiências com o silk-screen (serigrafia), a Psilk, e de quebra oferecêramos nossos préstimos para auxiliar na campanha. Aceita a proposta, fixei residência em Ubatuba.
Durante o desenrolar da campanha, conheci pessoas que as considero até hoje. Uma delas o Jacob, que mais tarde se figuraria entre os maiores treinadores de surfe do Brasil, inclusive do Tales, meu filho caçula. Entre tantos outros.
Com o passar dos dias, acabei me desligando da campanha. Nesta época, de tantas recordações, eu transitava desembestado entre São Luiz, Ubatuba e Taubaté montado em uma MotoCross Yamaha AT-1, azul e prateada, motor dois tempos com 125 cilindradas, esfumaçante e escandalosamente barulhenta, uma legítima japonesa de 1972. Era uma verdadeira “cabrita”: quadro de uma, motor de outra e documento...quiça, nunca os vi.
Entre uma vinda e outra, me encontrava alojado em uma casa recém-construída pelo casal Zizinho e Regina, no bairro do Itaguá. Até então, um bairro ainda em formação. Saí de casa pela manhã e só retornei à noite. Só que a moto não era equipada com os básicos faróis e, incauto, cai em uma valeta aberta pela Companhia de Saneamento Básico (Sabesp). Na queda, fraturei a mão direita. Depois de medicado, fui direto à emissora de rádio, a Costa Azul AM, fazer queixa do ocorrido, pois não havia nenhum aviso da valeta e julguei que a empresa fora irresponsável pelo acidente.
Na redação, um funcionário me atendeu, era um argentino de nome Guilhermo Fowler, que mais tarde descobri era marido da cantora matogrossense Alzira Espíndola. Para colher meu depoimento, Guilhermo sugeriu que eu apresentasse a queixa por escrito. Não hesitei, à frente de uma Olivetti ..., tratei de apresentar meus argumentos. Quando entreguei-lhe o documento, ele leu-o atentamente. Deu alguns passos adiante, parou, tentou voltar, mas prosseguiu em direção à sala do diretor da emissora. Instantes depois retornou com uma proposta de emprego. “Precisamos de um repórter-redator, você gostaria de trabalhar al“na rádio” . Ato contínuo, estava sentando na sala do Góis, dono e gerente “da rádio”, discutindo as condições de trabalho. Giselda Goldfritz era a editora-chefe, Olivia de Carle , Paulo - que não me recordo o sobrenome – e eu formáramos a equipe de reportagem da poderosa Rádio Costa Azul. Antes das eleições, fizemos uma pesquisa de opinião. Foi uma experiência ímpar. Pois havíamos começado, sem nem se quer sabíamos como concluir. Tabulamos os questionários e chegamos a um resultado. Quatro candidatos disputavam o cargo de prefeito. Três eram da mesma legenda, o então MDB. Zizinho, o mais cotado; Lacerda, um esquerdista convicto e Pedro Paulo, o cavalo azarão. Era o terceiro da lista e que aparecia como líder em nossa pesquisa de opinião, exaustivamente divulgada dias antes das eleições.
O resultado da pesquisa causou um verdadeiro frison nos candidatos e provocou uma reviravolta no cenário político. Não deu outra. Pedro Paulo obtivera o maior número de votos e tornara-se o novo prefeito de Ubatuba, com direito a passeata pela cidade.
As coisas “na rádio” foram a cada dia se complicando. A Giselda se afastara da direção de jornalismo e fora cuidar da vida. Paulo recém-casado, mergulhador, artista plástico arguto, também abreviara sua carreira de repórter. Olivia se mantivera firme em seus propósitos.
Aliás, cabe aqui um parênteses dedicado à Olívia. Conheci-a ocasionalmente antes de nos encontrarmos “na rádio”. No dia em que vim fazer as fotos do Zizinho. Estava sem a moto, parada para manutenção, e me encontrava pedindo carona em frente ao aeroporto para chegar até a casa do Zizinho. Ela parou com seu fusca amarelo, todo carcomido pela ferrugem do litoral. Trocamos algumas palavras durante o breve percurso, que foram suficientes para amalgamar uma grande e verdadeira amizade. Quando saí da casa do Zizinho foi a Olívia que me abrigou e me suportou por um bom tempo. Tempo esse que conheci Pedro e João, filhos de Olívia, ainda bebês, que eu ajudara a cuidar. Hoje, também meus grandes amigos. Olívia me acolhera em sua casa, pois não queria morar sozinha. Fiquei um tempo na casa dela.
Acabei me indispondo com Guilhermo, “na rádio”. Me demiti e me aliei ao artista gráfico Rafa, exímio impressor serigráfico. Trabalhamos a marca Veste Leste. Produzíamos centenas de camisetar com a marca Ubatuba – Vento Leste, as quais tornaram-se referência da cidade. Sai da casa da Olívia e fui morar numa pensão furreca. Conheci os Rebuá, da Banda Tio Melius.
A esta altura já era pai da Carol, que nascera em abril de 1982. Tentei uma reaproximação com a Tininha, mãe da Carol. Convidei-a para passar um período em Ubatuba. Carol bebezinha ainda. Foi uma lástima. O tempo em que a Tininha e a Carol passaram em minha companhia, no quartinho da pensão, só choveu. Foi mais de uma semana seguida debaixo d´água. As fraudas não secavam e nem muito menos o restante da roupa. Foi o bastante para a Tininha retornar para a casa de sua mãe em Taubaté e nunca mais tentáramos uma nova aproximação.
Também fazia uns frilas para o jornal ValeParaibano, cobrindo umas história do Litoral Norte. Com os Rebuá conheci uma argentina lindíssima. Monica Weinberg, que mais tarde se formara também jornalista.
Logo em seguida às eleições, deixei “a rádio” e comecei uma sociedade com o Rafá, artista gráfico e impressor serigráfico. Ele já tinha umas idéias para desenvolver a oficina de silk e até mesmo possuía umas telas já com padrões de estampas em cromia. Embalamos na Vento Leste, nome da empresa dado pelo Rafa, que também tinha uma traneira com o mesmo nome. Estampamos e vendemos milhares de camisetas no durante todo o verão. Umas estampas lindas, principalmente a camisa de um veleiro em auto contraste, no fundo um sol em degradê compunha o horizonte. Outras estampas também me agradavam muito. Mas o que mais empolgava era mesmo as vendas. As camisetas eram campeãs. As encomendas não paravam de chegar. Até passar o verão. Nesta época, transitava com minha moto e minha câmera fotográfica Olympus, monoreflex, com um superflash. Um equipamento de primeira linha. Gostava muito dela até ser roubada na casa de um amigo, onde estava morando como caseiro, na praia Grande.
Passado o verão, o ritmo da vida em Ubatuba faltava pouco para parar de pulsar. Eu a mil por hora, decidi voltar com o jornal Correio da Terra em São Luiz. Deixei Ubatuba... em 1982.
Na canoa dos sonhos, embarquei em 83 para uma viagem ao Nordeste, com mala e cuia, casado com Maria Eugenia, paraibana, que conheci em São Luiz. No retorno, fixamos residência em São Paulo. Já era pai do Victor .... e em 1988, nos separamos. Vim morar em Ubatuba.
Trabalhava como redator técnico na Revista NEI (Noticiário de Equipamentos Industriais), frila à distância. O trabalho consistia em dar redação jornalística, com títulos em duas linhas e texto padrão com número de linhas contados. Usava os Correios para expedir o material para São Paulo. Com tempo livre, acabei indo para a direção de jornalismo da rádio Costa Azul. Morava no apartamento que meus pais comprara, no Edifício Ziara Maria, na avenida ao lado do Tom Bar.
Nas idas e vindas a São Paulo, para acertar com a editora, o Victor vinha para Ubatuba. Maria Eugênia vinha nos finais de semana e logo estava grávida. Nasceu o Ruy.
Nesta época, conheci um casal Nídia e Edmauro (Pedrinho), por intermédio de minha prima Maria Teresa, que tinha uma militância no Partido Verde internacional. Eu estava bastante ocupado com o trabalho e com a política. Surgiu a oportunidade de um concurso para trabalhar na Universidade de Taubaté, como professor auxiliar de rádio e telejornalismo e produção gráfica.
Conheci também as irmãs da Dolores, esposa do primo, professor Osmildo. Miriam, Juliana, Odisséia e depois Adriana, mais tarde.
Ubatuba ficou para trás mais uma vez. E desta vez por um período bem longo... voltara com a Maria Eugênia e mudamos para Taubaté, que iria me ocupar muito...trabalho...trabalho. Universidade de Taubaté, Folha de S.Paulo e depois o Sindicato dos Metalúrgicos. Isso já era 1994, quando o Tales nasceu, taubateano.
A vida seguia com os três meninos, mulher famíla, trabalho e lazer...nesta época mais ainda em Ubatuba. Até porque tinha a facilidade do apartamento de meus pais e a Colônia de Férias dos Metalúrgicos. A Colômbia como a chamava o Tales. “Vamos para a Colômbia, pai!”, dizia ele. O surf já ocupava seu ocupar na família. Foi na Colônia que compramos a primeira prancha de surfe para o Victor, na sequência consegui uma prancha emprestada de um amigo para o Ruy. O Tales começou a surfar mais cedo que os outros e ganhou a sua primeira prancha logo aos nove anos. As vindas para Ubatuba passaram a ser mais intensas. O tempo passou e em 2005, Victor nos deixou, passando da vida para o éter. Passado o abalo, decidimos comprar uma casa em Ubatuba e o passo seguinte foi mudar de mala e cuia, periquito e papagaio.
A família se acomodou em uma edícula de dois quadros e eu ainda teria que permanecer na estrada entre Taubaté e Ubatuba. Desde 2004, estava trabalhando na Prefeitura de Campos do Jordão. A Maria Eugênia havia trabalhado em Tremembé, onde alugamos uma casa para também ser o escritório e depois da vinda da famíla para Ubatuba, passei a morar em Tremembé. Na expectativa de vender a casa de Taubaté a qualquer momento e melhorar o padrão de vida em Ubatuba. Até agora não aconteceu e o casamento com Maria Eugenia chegara ao final, com uma separação judicial. Agora recomeço a construir minha vida. Morando sozinho em Ubatuba e trabalhando no Centro Universitário Módulo, em Caraguá, como técnico do Laboratório de Radio e Televisão, do curso de Comunicação Social.
A história continua...

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

A César o que é de César

Cérebre frase do pensamento cristão é que aqui utilizada como figura de linguagem para externar minha indignação diante às constantes ataques que nosssa tão vilipendiada profissão vem sofrendo, principalmente pelas autoridades do Poder Judiciário, macumunadas com empresários de comunicação.

Quem em são consciência entregaria o futuro de seu filho doente a um charlatão? Ou mesmo quando se adoece procura qualquer um da esquina para se consultar? Dá mesma forma, quando se consome informações "produzidas" ou reproduzidas por qualquer aventureiro, que aprendeu a operar um sotware de paginação e conseguiu iludir um comerciante a pagar um patrocínio, e montou o que ele chama de jornal, revista, site, blog etc.

Nada vai substituir a função do jornalista, função que na opinião do brilhante Claudio Abramo se resume em duas: o que traz notícia para o jornal, que verdadeiramente apura e escreve e o profissional que toca adiante..sabe o valor da matéria prima e põe para andar...o resto é figuração...

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

De novo, novamente... outra vez

Apesar de ficar afastado dos meus posts para buscar soluções pessoais para o imperioso cenário da vida, retomo ou tento retomar o dever de ofício. Na verdade, ainda estou anestesiado - não deveria - com mais este episódio do Senado, envolvendo o senador José Sarney e abalando toda a estrutura do "puder" palaciano em Brasília.
Fiquei na expectativa que algo novo poderia acontecer. Mas como era de se esperar, tudo não passou de um acordão. O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) tentou dar as cartas, mas logo foi lembrado de seu "rabo". Com telhado de vidro, o senador se recolheu e após um acerto, o status quo se manteve.
Sei que na política o jogo é pesado. Aliás, na política é permitido tudo. Os meios justificam os fins e vice-versa. O mais interessante é que na política, o indivíduo não precisa de nenhum requisito básico. Basta ter votos e se eleger. Enquanto tiver na plenitude de seu mandato, ele tudo se pode e tudo se deve.
Será que ainda haverá um dia que poderemos olhar este instante e lembrar que estas coisas ficaram no passado. Quando me lembro do discurso ecológico, sobre qual planeta deixaremos para os nossos filhos, me vem logo a pergunta que: filhos deixaremos ao planeta?

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Crivo ou autocensura

As novas plataformas de comunicação (sites, blogs, twitters etc) têm se demonstrado importantes ferramentas para a quebra do monopólio da informação exercido ao longo dos tempos pelas empresas tradicionais de comunicação. Esses novos canais de comunicação estabelecem ainda novos paradigmas para a profissão de jornalista, tão vilipendiada e desrespeitada pela falta de consciência por parte dos próprios profissionais.
A demonstração inequívoca desta afirmação quase aristotélica ficou evidenciada no episódio da votação do STF que desobrigou o diploma de jornalista para exercício da profissão. Ficamos atrás dos guardadores de carros, dos motoboys e mototaxistas que tiveram recentemente reconhecidas as suas atividades como profissionais. Não que não devessem “lutar” pela suas conquistas, nem muito menos defendo a obrigatoriedade do diploma para jornalista. O que deve ser encarado com muito responsabilidade, pois, como já escreveu Alberto Dines, no Observatório da Imprensa, depois que os jornalistas aceitaram a condição de trabalhar como PJ (pessoa Jurídica) a categoria profissional deixou de existir enquanto classe, portanto descabida do direito de se organizar em sindicatos, associações profissionais que defendam seus interesses e passamos para o lado dos patrões, empresários etc.
Mas o pior de tudo e o que me move acertar o ponto nevrálgico desta questão é a censura não governamental, mas orgânica, em nome do crivo....aqui este espaço é meu....só posto mensagem que atendem meus interesses, como vemos em muitos dos espaços ditos democráticos nas rede sociais da Internet.
Neste sentido, tenho enviado insistentes apelos para os blogueiros e twitteiros de plantão, principalmente sobre a nova face de nossa ofício (leia o post abaixo). Mas ao acompanhar a leitura que faço quase religiosamente, observo que a minha opinião não desperta grande interesse, uma vez que não vejo meus comentários sendo publicados.
Mas, é por isso que mantenho este meu diário eletrônico, pelo menos neste espaço eu, você e qualquer opinião será sempre bem-vinda mesmo que as vezes eu discorde...c´est la vie!
O que não dá para aguentar são os democratas de plantão....

sábado, 4 de julho de 2009

CTRL + C, CTRL + V: a nova face do jornalismo

Que a vida ficou muito mais fácil com as novas tecnologias aplicadas à comunicação é inegável. O computador, o celular, a nanotecnologia, e principalmente a Internet atropelaram a chegada do novo milênio.
Tenho dito que o caminho da humanidade foi marcado por três grandes transformações: o fogo, a roda e a Internet. As demais invenções foram derivativas. Porém, o preço pago pelos avanços tecnológicos ao longo da história foi salgado para os trabalhadores.
Da Revolução Industrial, no século 18, quando surgiram os teares mecânicos substituindo aos manuais, os tecelões entraram em greve e a atitude deles foi a de tentar destruir as máquinas para preservar os empregos. Mas isso se demonstrou inútil para tentar barrar a carreira desenvolvimentista. Da mesma forma, os metalúrgicos tentaram barrar a entrada dos robôs na indústria.
Igualmente inútil tem se demonstrado a luta vã de alguns jornalistas profissionais em tentar impedir a disseminação democrática da informação sem ter que passar pelo crivo dos veículos tradicionais de comunicação. Mesmo tendo o STF desobrigado o diploma de jornalista para exercício da profissão, o que está em tela é a qualidade e a confiabilidade das fontes.
Em conversa, em tom de desabafo, com o competente editor do Observatório da Imprensa, Luiz Egypto, no calçadão de nossa São Luís do Paraitinga, ele me assegurou que “estamos apenas engatinhando” neste novo cenário. Entendi o recado.
Na verdade, o que se transformou nossa valorosa profissão com o recurso do Ctrl + C, Ctrl + V é um verdadeiro descaramento, seguido de veementes pedidos de desculpas pelo uso indevido de textos e pela apropriação indébita da produção intelectual alheia.
A intenção deste meu blog, não é nem de longe substituir os sites de notícias etc. Nem, todavia, me arvorar como editorialista. É mesmo meu diário eletrônico, escrevo na primeira pessoa sobre temas que considero poder contribuir.
Ler textos originais, mesmo às vezes discordando de seu conteúdo, é um prazer que está se tornando cada dia mais escasso. Acesso diariamente vários sites de notícias e blogs, recebo centenas de emails e a cada dia percebo o aumento do processo de repetição. As notícias são replicadas de blogs em blogs e de sites em sites, mesmo observando que nem sempre as fontes são checadas.
Bem, checar fontes, parece coisa do passado. De uma época quando os jornalistas tinham uma certa dose de preocupação com o conteúdo publicado. É ...os tempos mudaram, mas os picaretas não. Eles continuam no cenário para confundir e nos colocar na vala comum.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Surfe ainda se afoga na onda da discriminação e do abandono

"Nem todo maconheiro é surfista, mas todo surfista é maconheiro". Essa máxima utilizada por um dos mais capacitados treinadores de surfe, meu amigo Jacob, explica muito bem a carga negativa e discriminatória que ainda tem o surfe diante da opinião pública.
Ubatuba tem o título de Capital do Surfe, nomeado pela Câmara e ratificado pela Assembléia legislativa, rumo à Câmara dos Deputados. A cidade possui a maior competição, em número de categorias e de atletas, em nível municipal, mesmo assim, como vimos neste final de semana, de 26 a 28 de junho, a primeira etapa do Circuito Ubatuba de Surfe o evento não contou com a mínima cobertura da mídia e, nem muito menos, foi prestigiada pelos moradores, exceto pelas famílias dos atletas e alguns poucos aficcionados pelo esporte.

O evento foi primoroso em alguns aspectos de sua organização. Contou até com transmissão de TV ao vivo pela Internet. Bom nível de competição, reunindo atletas de 8 a 58 anos de idade em clima de amizade e harmonia.

O abandono do surfe enquanto esporte não é localizado. Estamos recebendo no Brasil o maior mito do surfe de todos os tempos. Kelly Slater está em Imbituba (SC) disputando uma etapa do WCT, a maior competição mundial do esporte e nem por isso a mídia deu uma linha a respeito.

Assisti toda a programação de esporte nesta segunda-feira e só vi mesmo falar do surfe em sites especializados. A TV aberta nem comentou o assunto, nem a mídia impressa. Caberia até mesmo uma "corneta" para o apresentador do Globo Esporte. Em nível regional e local, nem se fale, o descaso com o esporte é total.

Mas um dia o surfe vai superar isso. O mundo vai se render aos tão abnegados atletas que deixarão de ser tratados como vagabundos e maconheiros.

A propósito, o atleta da foto que ilustra este texto é o meu filho Tales, vice-campeão da categoria Iniciantes, nesta primeira etapa. Parabéns. Foto: Renato Boulos

terça-feira, 23 de junho de 2009

Um clássico em duas rodas e o jornalismo


Meu primo Osni, farmacêutico dos bons, era um colecionador de discos. Tinha uma infinidade de Long Plays. Embora nunca tivesse aprendido a andar de bicicleta, ele também tinha uma dessas clássicas bicicletas Peugeot, com quadro de alumínio, três marchas. Enfim, era a bicicleta.
Eu, moleque ainda, acabara de aprender a pedalar por cima do quadro, vivia namorando a Peugeot (foto, só que aquela o quadro era vermelho).
Meu centenário padrinho Xinica rendia um plantão noturno na farmácia São Judas Tadeu, do Osni, das 18h às 20h, e para que eu pudesse dar umas voltas com a bicicleta, tinha duas tarefas diárias. Uma era ler as manchetes da Folha de S. Paulo, da qual Osni era um assinante histórico, e a outra tarefa era lavar os vidros de remédios, para retirar os rótulos antigos e deixá-los pronto para serem reutilizados.
Minha paixão pela Peugeot nunca passou. Aliás só tende a aumentar à medida em que tempo passa. Mas dessa história, também ficou a paixão pelas manchetes de jornais, que ainda me emociona, embora o tempo tenha calcinado meu ímpeto de repórter, apesar dos atropelos do STF.
A bike, conforme a tratamos hoje, ainda é uma relíquia. Outro dia me deparei diante de um exemplar inteiro e conservado. Foi uma viagem. Fiquei admirando cada detalhe de sua construção e cheguei a conclusão que aquela bicicleta havia atingido o ápice de desenvolvimento tecnológico. E olha que estamos tratando de uma bicicleta dos anos 60.
Agora a concepção construtiva passa por dois aspectos: um a otimização dos materiais, na busca de seu melhor rendimento e outro, ligado aspecto intrinsicamente ao modelo globalizado de nossas vidas, ie, os produtos já nascem com data de validade. O que não ocorreria naquela época. Aliás o mérito era a perfeição. Mas chegou-se a conclusão que o melhor mesmo é que os produtos possam se deteriorar e assim se faz a roda da economia girar e a Peugeot continua aí.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Diploma ou não: o jornalismo está em xeque

Ao tempo em que se dicute a decisão do STF desobrigando a exigência do diploma para o exercício da profissão de jornalista, o que na verdade vem à tona é uma questão fundamental para a sobrevivência da humanidade: a informação.
Os jornalistas nem de longe são os arautos da informação. Mas, com certeza, por meio deles e dos veículos de comunicação a informação se dissemina. A tecnologia é apenas um componente nesta equação. Vamos considerar que nos últimos anos não tínhamos a Internet, nem o celular. Mesmo assim a informação transitava.
Estão corretos aqueles que compreendem que a informação, a matéria prima da notícia, é manipulável. Vamos considerar que tudo que esta escrito existe a mão do poder que primeiro defende os seus interesses.Bem, pensando por esta lógica, gostaria que o STF também se manifestasse com relação à Biblia, o Novo Testamento, o alcorão, à Tora e aos Vedas.
Ao que me consta, todos esses livros também receberam influências dos poderosos. Nada está escrito se que estivesse de acordo com os mandatários. Aí é que reside a questão fundamental. Vamos negar a existência de Deus, ou do Criador, por uma simples manifestção do STF? Dúvido que eles ponham a mão nesta cumbuca?
Mas a profissão de jornalista é simples. É só atender o pedido do Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão. A partir daí tudo fica mais simples. É só contratar um rostinho bonito, com um corpão violão, para apresentar o noticiário, fazer as entrevistas...enfim é isso o que parece estar claro por trás dessas intenções.
Falando na primeira pessoa. Sou jornalista há 32 anos, diplomado há 30 anos. Depois de passar por um sem número de empresas, abrir e fechar jornais, revistas e sites noticiosos, dar aular em duas faculdades...enfim nunca defendi que o exercício do jornalismo fosse uma reserva de mercado para os diplomados, até porque vi nas faculdades o nível dos professores, que se quer haviam sentados seus "bumbuns infectos" numa cadeira de redação ou mesmmo feito algum esforço de reportagem...Mas é este o perfil do profissional de jornalismo que forma jornalista para o mercado, ou estou equivocado?Sob este aspecto, que me perdoem os demais profissionais, que eu conheço, e que estão por aí nas faculdades da vida, como defender a obrigatoriedade do diploma de jornalista.Só para recordar. Não cursei a melhor escola de jornalismo. Muito pelo contrário.
No meu tempo, o curso durava três anos. Já era um saco. Confesso que o terceiro ano foi pura enrolação. Mas se comparar a grade curricular daquele curso de três anos com o currículo atual, acho que a melhor decisão do STF era pegar pesado com as faculdades.
Tem muita coisa em jogo. Outro aspecto é quanto as diversas funções que um jornalista exerce em uma empresa de comunicação. Primeiro, também é preciso enquadrar as empresas de comunicação.O leque das atividades profissionais de um jornalista é muito amplo e, ao meu entendimento, a atitude do STF foi muito restritiva. A questão da livre manifestação do pensamento é muito xinfrim para sustentar a argumentação dos ministros.
Voltarei ao assunto....

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Jogo de vida e morte

A tradicional placa afixada na árvore do principal canteiro da praça Dr. Oswaldo Cruz, em São Luís do Paraitinga, anunciava durante a semana o grande confronto futebolístico de domingo à tarde no Campo da Ponte. Canário X São Caetano: um jogo de vida e morte.
Não estava em disputa apenas o passaporte para o título de campeão luisense de 1974. Mas um tabu que perdurava por mais de 25 anos em que o Canário não vencia a forte equipe do São Caetano.
O Rei Canário – apelido do dono do time – Anésio Rodrigues da Silva como sempre apresentava estrelas de outras localidades (enxertos) para dar um certo clima a sua equipe. Foram tantos que ficaram gravados em nossa memória como o Charanga, Cocão, Pato Roco, entre outros. Para este embate, Rei Canário anunciara a estréia do grande centroavante Ticão.
Minutos antes da partida Rei Canário não conseguia apresentar o atleta. Os outros jogadores já estavam concentrados na velha casa do Rei, na esquina do jardinzinho, em frente ao cinema, onde a grande atração era a miniatura de um avião amarelo, pendurado no teto da sala com a fotografia dos escrete canarinho que conquistou o bicampeonato mundial de 62.
Para não frustar a sua torcida, o Rei Canário me chamou num canto e anunciou que eu iria jogar com a camisa 9 e diante da equipe me apresentou como Ticão.
Era mais uma das histórias do Rei e logo eu que nunca tinha disputado um campeonato e só havia jogado umas peladas, fiquei todo garboso.
A torcida, em polvorosa, dividia a cidade. Fogos, agitação e uma grande movimentação de pessoas entre a praça e o Campo da Ponte. É chegada a hora. Os jogadores do Canário saíram perfilados da casa do Rei atravessando a praça ovacionados pela massa.
Em campo, antes do início o jogo, durante o aquecimento de goleiro, o primeiro chute que dei pegou de lado, como diria na orelha da bola atingindo a cabeça do Rei Canário, que estava com a enxada nas mãos, dando os últimos retoques no “gramado”. Ele deve ter pensado: que decepção...
Como narraria Fiori Giliotti, abrem-se as cortinas e começa o espetáculo. Jogo de decisão todo mundo sabe é tenso, pegado, não ia pra lado nenhum. O forte ataque do São Caetano força o goleiro Raul a grandes defesas. Até que a bola sobra no campo de ataque do Canário e dentro da área e o centroavante faz a alegria da galera, de maneira indefensável para o goleiro Bitu:1 a 0 Canário.
A resposta veio em seguida, o São Caetano empata. Mas antes de terminar o primeiro tempo, novamente o camisa 9 do Canário abre um rombo na defesa do São Caetano, chutando entre as pernas do grande, e grande mesmo, zagueiro Zezão e põe a bola dentro do gol . O juiz apita o final do primeiro tempo. É só festa para a torcida do Canário. O tabuleiro de manjar e a cesta pastel já tinham voado pelos ares, num gesto típico do Rei.
Recomeça a partida, procuro o Rei Canário entre os torcedores e não o vejo. De repente o encontro solitário, sentado no alto do morro da Dona Fanny se apegando às suas orações e olhe que só quem conhece o Rei sabe que não são fracas, não!
Mas o São Caetano é forte e valente. Logo no início do jogo, para desespero da torcida Canarinho, o São Caetano chega ao empate. O jogo prossegue em grande pressão das duas equipes, mas a tarde era mesmo do centroavante camisa 9 do Rei Canário. Uma bola cruzada da direita, o atacante se antecipa dos zagueiros e novamente surpreende a defesa do goleiro Bitu. Estava decretada a vitória do Canarinho: 3 a 2.
Grande resultado. A esta altura era só festa, rojão e cestas de pastel cruzando os céus do campo da ponte. A criançada em delírio atrás do Rei Canário. Quando o juiz apitou o final da partida, a cena que ficou gravada em minha memória foi a do torcedor símbolo do canário Tonho Garrafão, que pegou a mesa do representante e a partiu ao meio com uma cabeçada. Daí por diante só foi festa e histórias e … ainda bem que o apelido de Ticão não pegou e continuo o Zeco do Waldemar...

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Deu na Folha de S. Paulo: quatorze minutos de eternidade

"Vou emprestar as palavras do jornalista e escritor Ruy Castro, para transcrever minha emoção sobre o acidente do Airbus A330 da Air France" ...

De Ruy Castro:
Entre a hora presumida de entrada do Airbus A330 da Air France na zona de turbulência sobre o Atlântico e a última mensagem enviada pelo equipamento do avião, na noite de domingo, passaram-se 14 minutos. Se fosse só isso, já seria aterrorizante. Mas o tempo de apreensão, angústia e pavor a bordo pode ter sido ainda maior para os 228 passageiros e tripulantes.
É tempo de sobra para que, diante da iminência de morte, a vida -tudo que se fez e se disse, ou o que deixou de ser feito ou ser dito- passe várias vezes pela cabeça de uma pessoa, com uma definição de cinema. E com uma crueldade de Juízo Final, porque não há mais tempo para dizer ou fazer o que faltou.
Entre os que conseguem se manter íntegros em tal situação, há quem tente vencer o abismo rabiscando algo às pressas, descrevendo o avião em queda ou a aproximação das chamas, despedindo-se de parentes ou namorados, ou tentando deixar uma reflexão mais profunda. É uma tentativa desesperada de comunicar-se pela última vez, de fazer com que sua voz seja ouvida depois do nada.
Sabemos disso porque fragmentos dessas mensagens costumam ser encontradas em destroços de aviões caídos em terra. É por esses retalhos calcinados que nos damos conta de que o drama pessoal de cada vítima de um acidente aéreo é maior do que a fria estatística da soma dos mortos no mesmo acidente.
Na tragédia do voo AF 447, comovemo-nos com o casal rumo à lua-de-mel em Paris e com o alemão que iria tratar dos papéis para se casar com uma brasileira. Mas havia também empresários, professores e executivos, que viajavam a negócios, a estudos ou para receber prêmios -enfim, para um luminoso futuro próximo. E outros cujas histórias pessoais, talvez riquíssimas, nunca chegaremos a conhecer.

sábado, 2 de maio de 2009

1º de Maio - Chapa branca

Cresci assistindo celebrações históricas do 1º de maio ao redor do mundo. Nesta e nas últimas comemorações o que vimos foram arremedos de manifestações e mesmo assim, shows de prêmios e de elogios à classe dominante: tempos modernos. Sindicalistas elogiando patrões, era tudo o que eu imaginava de transcedental.
No Brasil, no Estado de São Paulo, na região do Vale do Paraíba e em especial em Taubaté os ecos do 1º de maio retumbaram a favor do governo federal. Ainda bem que eu sou um dileto defensor de Lula, porque, como São Tomé, estou pagando a minha língua.
Mas nem tudo deve ser ouro para os originais, como diria Marcelo Teo, prodigioso jornalista, músico e compositor em Lady Vestal, que tem a participação do Emerson. Bem. Nem acho que devemos levar à risca, mas um pouco de senso crítico não faria mal.
Gostaria de ouvir neste 1º de maio, as vozes dos desafortunados, dos excluídos, dos desempregados, dos explorados e por fim, dos trabalhadores que são vilipendiados no seu dia-a-dia em razão da mais-valia e do lucro fácil, dos impostos, tributos e extorções.
Mas parece que estamos pregando no deserto.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Recordar é viver...

De volta ao meu diário eletrônico...
Até parece mesmo a letra de um samba consagrado (recordar é viver e eu sonhei com você...). Mas foi uma grata satisfação ter encontrado uma amiga que há muito tempo não a via: a Fatinha, ubatubense da nata. Nos encontramos no cantinho esquerdo da praia da Itamambuca, em companhia de amigos em comum. Foi uma grata surpresa. Conversamos sobre amigos da "tchurma" que frequentava o boliche na avenida Iperoig e a então recém inaugurada lanchonete Tom Bar. Bons Tempos e boas lembranças.
A vida é assim. Ainda bem que as lembranças nos ajudam a recontar o presente e a prospectar ainda mais o futuro. As boas coisas são permeadas das recordações não tão boas assim pois acabam esbarrando naquelas amizades que já não podemos contar com elas, pelo menos neste plano de vida material.

domingo, 12 de abril de 2009

Cidadania


Certidão de Nascimento

Gerado em São Luís, fui nascer em Taubaté, devido à falta de infraestrutura da Santa Casa de Misericórdia. Mas desde os primeiros passos já curtia a praia do Perequê Açu. Na foto, tirada e revelada pelo meu primo Oziris e posando ao lado de neu primo Osmar, em pleno verão de 1957, pode-se ainda ver ao fundo o velho Rancho do Galo.

E assim se passaram muitos verões e invernos. Duas temporadas por ano, minha família vinha de mala e cuia para Ubatuba. Era um sonho. Ubatuba sempre tudo de bom, até que um dia não deu mais para suportar a distância e decidimos (eu, mulher e filhos) morar definitivamente aqui.

Posso até pagar a minha língua, mas daqui não abro mão...

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Como era Jesus?

Por Camões Filho
Nesta Sexta-Feira Santa gostaria de abordar uma curiosidade que convive com todos nós, cristãos: como era Jesus fisicamente? Aprendemos a imaginar sua imagem tal como foi retratado pelos pintores clássicos, como Leonardo da Vinci, ou representado pelo cinema americano: alto, forte, robusto, barbas e cabelos longos, olhos azuis. Se bem que, pela sua origem étnica, olhos azuis não correspondem ao biotipo de seus ancestrais. Quando era garotão, gostava de ler uma revista chamada “Você Sabia?”, que era publicada pela mesma editora da “Revista do Rádio”. Um dia eles pediram para que vários artistas pintassem como imaginavam ser o rosto de Cristo, sem aquela imagem estereotipada. O resultado foi completamente diferente daquilo que até então era-nos apresentado. Mas como Cristo seria descrito por uma pessoa que viveu à sua época? Existe uma carta, atribuída a Publius Lentulus, que responde em parte a essa curiosidade. Se bem que até nesse caso há controvérsias. Ora tal carta de Publius Lentulus, que seria Procônsul da Galiléia, teria sido encontrada no arquivo do Duque de Cesadini, em Roma. Ora Publius é apresentado como predecessor de Pôncio Pilatos como Governador da Judéia, na época em que Jesus Cristo iniciou seu ministério. E que tal carta estaria ainda hoje guardada a sete chaves na biblioteca do Vaticano. Em outra versão Publius, que aparece como Senador Romano, teria enviado tal carta a César Augusto, Imperador de Roma. A verdade é que tal carta, autêntica ou não, sacia em parte nossa curiosidade em sabermos como era Jesus Cristo. Leia e medite sobre esse palpitante tema: “Existe nos nossos tempos um homem, o qual vive atualmente de grandes virtudes, chamado Jesus, que pelo povo é inculcado o profeta da verdade, e os seus discípulos dizem que é o filho de Deus, criador do céu e da terra e de todas as coisas que nela se acham e que nela tenham estado.Em verdade cada dia se ouvem coisas maravilhosas desse Jesus: ressuscita os mortos, cura os enfermos, em uma só palavra.É um homem de justa estatura e é muito belo no aspecto. Há tanta majestade em seu rosto, que aqueles que o vêem são forçados a amá-lo ou temê-lo.Tem os cabelos da cor da amêndoa bem madura; são distendidos até as orelhas, e das orelhas até as espáduas; são da cor da terra, porém mais reluzentes. Tem no meio de sua fronte uma linha separando os cabelos, na forma em uso pelos nazarenos.O seu rosto é cheio, o aspecto é muito sereno. Nenhuma ruga ou mancha se vê em sua face, de uma cor moderada. O nariz e a boca são irrepreensíveis.A barba é espessa, mas semelhante aos cabelos, não muito longa, separada pelo meio. Seu olhar é muito afetuoso e grave; tem os olhos expressivos e claros. O que surpreende é que resplandecem no seu rosto como os raios do sol, porém ninguém pode olhar fixo o seu semblante, porque quando resplende, apavora, e quando ameniza, faz chorar. Faz-se amar e é alegre com gravidade.Diz-se que nunca ninguém o viu rir, mas, antes, chorar. Tem os braços e as mãos muito belos.Na palestra, contenta muito, mas o faz raramente e, quando dele se aproxima, verifica-se que é muito modesto na presença e na pessoa.É o mais belo homem que se possa imaginar, muito semelhante à sua Mãe, a qual é de uma rara beleza, não se tendo jamais visto por estas partes uma mulher tão bela.De letras, faz-se admirar de toda a cidade de Jerusalém; ele sabe todas as ciências e nunca estudou nada. Ele caminha descalço e sem coisa alguma na cabeça. Muitos se riem, vendo-o assim, porém em sua presença, falando com ele, tremem e admiram. Dizem que um tal homem nunca fora ouvido por estas partes.Em verdade, segundo me dizem os hebreus, não se ouviram, jamais, tais conselhos, de grande doutrina, como ensina este Jesus. Muitos judeus o têm como Divino e muitos que querelam, afirmando que é contra a lei de Tua Majestade.Diz-se que este Jesus nunca fez mal a quem quer que seja, mas, ao contrário, aqueles que o conhecem e com ele têm praticado, afirmam ter dele recebido grandes benefícios e saúde.” Conforta-nos essa descrição de Jesus Cristo, que há dois mil anos, dentro dessa humildade, discrição e sabedoria pregava: “Eu sou a verdade e a Vida, ninguém vem ao Pai a não ser por mim.” (Jô, 14.6) Para encerrar, desejo a todos uma Feliz e Santa Páscoa!
Camões Filho, escritor, jornalista e pedagogo de Taubaté E-mail do autor: camoesfilho@bol.com.br

terça-feira, 7 de abril de 2009

Diário Eletrônico

As mudanças tecnológicas advindas com o microcomputador e a Internet em nossas vidas são notórias e inexoráveis, principalmente a profissão e a função de jornalista. A produção de informação que antes era quase exclusividade passou a ser de domínio público. Este canal, o blog, então, é o exemplo mais bem acabado de democratização da informação. Criamos a comunicação de mão dupla, o leitor deixou de ser apenas um receptor e passou a interagir com o emissor, ou produtor da informação.
Ainda estou debutando neste canal. Mas quero que seja o meu diário. Depositário de minhas confidências. Desejo também que se transforme em um fórum de debates, idéias, opiniões e desabafos. Este é um caminho que não tem mais volta. A comunicação se tornou a pedra da toque do mundo pós-moderno. A informação venceu a barreira do tempo e os veículos de comunicação terão que se ajustar a este novo processo, sob pena de extinção. (incompleto...tive que sair neste momento...mas a conclusão virá)

sábado, 4 de abril de 2009

Oligarquia sindical

"Antes de iniciar a leitura, deixo aqui um comentário. Encaminhei este artigo ao jornal valeparaibano, com uma pequena observação: será um grande desafio publicar este artigo".
José Alfredo Rodrigues

A vitória da chapa 1 (PSTU /Conlutas) nas eleições do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos traz à reflexão considerações que extrapolam os limites da luta de classes e do conflito de ideologias entre as centrais sindicais Conlutas, CUT e Força Sindical.
O resultado das urnas, no entanto, é irrefutável. O que se propõe aqui é mais que uma discussão virulenta. Mas sim, trazer à tona uma questão conjuntural que, de certa forma, explica a explosão de votos tanto para o PSDB e dos partidos aliados, quanto ao PSTU, partido que domina o Sindicato há quase duas décadas, mas que não tem legitimidade política, uma vez que nunca elegeu representantes ao legislativo municipal, estadual ou federal.
A vitória do PSTU/Conlutas está intimamente associada a uma união espúria das forças conservadoras da classe política dominante da cidade – a oligarquia local - com os “revolucionários” da esquerda festiva, com o fito de barrar um possível crescimento da CUT, do PT e do movimento popular organizado, que, de certa forma, ameaçaria os poderosos de plantão.
A união das forças conservadoras da cidade vai além dos partidos políticos. Invade os interesses do empresariado e da voz dos mandantes: a imprensa, que desempenhou papel fundamental na consolidação da esmagadora vitória do PSTU.
Destarte, o PSTU não representa ameaça ao poder local. Em momento algum na recente história do PSTU/Conlutas em São José, o poder municipal foi ameaçado com manifestações de rua e de protestos. O que já não se pode dizer o mesmo com a vizinha cidade de Jacareí, governada pelo PT.
A opção da classe empresarial pelo PSTU torna-se evidente. Pois, durante quase duas décadas em que o partido está aquartelado no sindicato, os trabalhadores metalúrgicos de São José sofrem com o isolamento dos demais metalúrgicos, principalmente das montadoras.
A prática da política sindical do PSTU/Conlutas é do lado de fora da fábrica e nos escritórios. A representação sindical é pífia e ausente e só ressurge quando eclode demissões e fechamentos de empresas. Assim mesmo com objetivo de atacar o Governo Lula, do qual o PSTU e o PSDB são inimigos viscerais.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Coisas da Vida

Acabo de concluir neste início de ano, o projeto gráfico e a reforma editorial do Jornal da Cidade de Pinda e Taubaté, que completam 32 anos e 10 anos, respectivamente. A sensação é de um filho novo colocado no mundo. Na verdade, foi mesmo um parto, um trabalho de parto desde à concepção até a implantação. Noites adentro, na redação e nas oficinas do jornal até que toda a equipe absorvesse as mudanças.
O resultado, a princípio, me agradou muito. A equipe entendeu a necessidade das mudanças, mas ainda não se chegou onde a cidade como Taubaté quer e exige de um jornal.
Precisava deste meu espaço para desabafar e colocar alguns pontos que ainda não foram explicitados.
O primeiro é quanto ao conteúdo. Se a forma e a apresentação do jornal, agradaram até certo ponto, o seu conteúdo noticioso ainda prescinde de um grande avanço para contemplar as necessidades do público e do mercado. Falta muito para se possa dizer que o Jornal da Cidade é um jornal respeitado e sua opinião tem interferência na sociedade. Mas é um caminho. Esta estrada precisa ser construída passo a passo.