terça-feira, 23 de junho de 2009

Um clássico em duas rodas e o jornalismo


Meu primo Osni, farmacêutico dos bons, era um colecionador de discos. Tinha uma infinidade de Long Plays. Embora nunca tivesse aprendido a andar de bicicleta, ele também tinha uma dessas clássicas bicicletas Peugeot, com quadro de alumínio, três marchas. Enfim, era a bicicleta.
Eu, moleque ainda, acabara de aprender a pedalar por cima do quadro, vivia namorando a Peugeot (foto, só que aquela o quadro era vermelho).
Meu centenário padrinho Xinica rendia um plantão noturno na farmácia São Judas Tadeu, do Osni, das 18h às 20h, e para que eu pudesse dar umas voltas com a bicicleta, tinha duas tarefas diárias. Uma era ler as manchetes da Folha de S. Paulo, da qual Osni era um assinante histórico, e a outra tarefa era lavar os vidros de remédios, para retirar os rótulos antigos e deixá-los pronto para serem reutilizados.
Minha paixão pela Peugeot nunca passou. Aliás só tende a aumentar à medida em que tempo passa. Mas dessa história, também ficou a paixão pelas manchetes de jornais, que ainda me emociona, embora o tempo tenha calcinado meu ímpeto de repórter, apesar dos atropelos do STF.
A bike, conforme a tratamos hoje, ainda é uma relíquia. Outro dia me deparei diante de um exemplar inteiro e conservado. Foi uma viagem. Fiquei admirando cada detalhe de sua construção e cheguei a conclusão que aquela bicicleta havia atingido o ápice de desenvolvimento tecnológico. E olha que estamos tratando de uma bicicleta dos anos 60.
Agora a concepção construtiva passa por dois aspectos: um a otimização dos materiais, na busca de seu melhor rendimento e outro, ligado aspecto intrinsicamente ao modelo globalizado de nossas vidas, ie, os produtos já nascem com data de validade. O que não ocorreria naquela época. Aliás o mérito era a perfeição. Mas chegou-se a conclusão que o melhor mesmo é que os produtos possam se deteriorar e assim se faz a roda da economia girar e a Peugeot continua aí.

Um comentário:

chinica medeiros disse...

faltou vc salientar "DOM PIC UP E SEUS NEGRINHOS"